
Rio de Janeiro State Government, Department of Culture and Creative Economy, Anita Matuano Foundation for the Arts of the Rio de Janeiro State, Laura Alvim Cultural Center, and Gallery 18
present
CURATED BY SHANNON BOTELHO
from May 6th to June 26th 2025
NEVER IS FOREVER
FLAVIA FABBRIZIANI
Costumamos contar o tempo como quem percorre uma estrada admirando a paisagem pela janela — sempre ordenando uma narrativa que indica o início, o meio e o fim. Mas talvez o tempo seja menos uma linha reta e mais um sopro, ou melhor, um gesto pictórico: o deslocar silencioso dos acontecimentos, o modo como os sentimos, a demora com que nos atravessam, as marcas que deixam. É na percepção sucessiva daquilo que ocorre em nossas vidas e na latência do dia a dia que o tempo, de fato, se revela. Em Nunca é Para Sempre, a artista Flavia Fabbriziani discute uma noção peculiar de tempo e, com isso, estabelece uma relação entre essa entidade fundamental e a ambivalente ideia de natureza, que ora define nossa humanidade, ora indica o infinito – e o finito – da existência fora de nós.
Lançando mão do pensamento estoico, em que o conceito de tempo e a reflexão sobre a vida ocupam um lugar central, a artista propõe diferentes ancoragens para que os visitantes reflitam sobre suas vidas, seus percursos e seus limites. A imponderabilidade do ser, sua exiguidade e beleza estão mimetizadas como significantes nas obras, que se abrem para novas experiências poéticas. Cada trabalho consolida uma reflexão pictórica que não se encerra, oferecendo uma via de mão dupla — um contínuo exercício de alteridade no qual o observador possa se perceber abraçado pelos gestos, cores e formas de cada obra.
A poética de Flavia Fabbriziani é constituída por um conjunto de interesses acerca das imagens e encontra, notadamente na pintura, um lugar seguro para as experiências plásticas que tem realizado nos últimos anos. Porém, se até aqui a pintura da artista estruturou uma forma específica de comunicação, mediada por cores, formas e gestualidade abstraídos da relação com o corpo que dança, na exposição algo emerge como novidade pictórica. Sua abstração, antes profundamente marcada pelo ritmo — onde cores e formas se entremeavam —, cede lugar ao que chamamos de “quase miragens”: uma construção imagética estabelecida na fricção entre a abstração e a citação figural, um lampejo de memória que se esvaece na profusão de cores que dançam na superfície da tela.
A experiência da cidade — especialmente aquela que se propõe na observação da paisagem vista da janela do ateliê — é deslocada para as telas como meio de compreensão da própria vida. A abstração, espaço de elaboração de sentidos para o mundo, ganha novo contorno, incorporando a citação de elementos naturais — florações, folhagens, paisagem — e também reordenando qualquer narratividade figural em pulsão de cor e gesto. Da janela do ateliê, os ventos quentes que balançam os cachos dourados das flores nas palmeiras, ou ainda as folhas que colorem em mil verdes a paisagem enquadrada, tudo é abstraído do real. As imagens são forjadas a partir da natureza, deslocadas dela para, ao fim, serem reelaboradas pela capacidade criadora da artista, que nos apresenta aqui os resultados desse enfrentamento.
A fugacidade da vida, que mimetiza a temporalidade da natureza, é apresentada nos quatro espaços que estruturam a expografia. Desde os verdes que nos acolhem em contraste com as vibrações quentes; passando pela profusão cromática dos florais na sala central; até o abraço caloroso trazido pelos “ventos quentes” — tudo se verá resumido na instalação. Na sala reservada, os trabalhos da série Ânima, solenemente ordenados e aclimatados por uma composição sonora, definem a ordem do discurso que Flavia Fabbriziani nos oferece: o tempo é duração que comporta a vida com suas reconstruções, marcas e limites. Pois, se de um lado sabemos que a criação humana é vocacionada para um desejo de eternidade, de outro, reconhecemos que aquilo que criamos, cultivamos e sonhamos nunca é para sempre.
Shannon Botelho


CASA DE CULTURA LAURA ALVIM
‘Casa de Cultura Laura Alvim’ (Laura Alvin Cultural Center) is a cultural center from the ‘Secretaria de Cultura e Economia Criativa’ (Department of Culture and Creative Economy), a ‘Governo do Estado do Rio de Janeiro’ (Rio de Janeiro State Government) venue.
Originally, the house belonged to Álvaro Alvim and was inherited by his daughter Laura Alvim, who donated it to the Rio de Janeiro State Government in 1983 through FUNARJ, the ‘Fundação Anita Matuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro’ (Anita Matuano Foundation for the Arts of the Rio de Janeiro State). In her testament, she guaranteed that the property could only operate as a cultural center and could not be taken away from the State, since her lifelong dream was to turn her house into a place dedicated to culture.
The inauguration happened on May 12th, 1986, opened to the public, where more than 600 people showed up. In the opening, the students from ‘Faculdade da Cidade’ (City’s College) presented performances while providing information on the venue. Besides that, there were many different exhibits, movies, documentaries, dances, concerts, and theater performances with celebrated actors.
Through restorations in 2016, it was installed two theaters, three movie theater rooms, an event area, multipurpose halls, a gastronomy space, a music studio, an art gallery, and a cultural events area, becoming a reference point for Rio de Janeiro’s artists and intellectuals.
Since then, Laura Alvim Cultural Center has been situated in the Ipanema area, in the city of Rio de Janeiro, being very important for democratize and value Brazilian art with its programs open for the diverse public, besides holding a permanent exhibit and thousands of pieces from the Alvim family.
ARTIST
Coming from a family that valued artistic manifestations, her uncle being a painter and sculptor and her mother a pianist, Flavia’s first artistic contact was through dancing.
She worked at the ‘Núcleo de Memoria da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro’, under the coordination of Margarida Souza Neves, while having Contemporary Art classes with Professor Ronaldo Brito. Besides that, she also did an artistic residency in Rome and with the group ‘Encontro e Reflexões’ – Lage Park – under the coordination of the artist Lole de Freitas.
In the group ‘UaiArt’, she created the project ‘Mulheres Iluminadas – Laura Laurinda Gabriella’. Starting from bibliographic research, this memory themed project transformed the stories of avant-garde women into installations and audio artworks. Since then, she has expanded her practice to these fields.
When making her pieces, Flavia uses wide panels to support her canvasses, since she needs a surface that sustains the impact of her painting gestures that comes from her back, arms, fists, and hands. Her work carries powerful brushstrokes and broad and concise palette knife strokes, rendering a blend of colors, shapes, and luminous tones.
The city, the surrounding nature, memories, and life experiences inspire her to build, and unravel, the layers in her work through a cadenced gestural.

ARTWORKS
CLIPPINGS
CREDITS
SERVICE DETAILS
CASA DE CULTURA LAURA ALVIM
Patricia Lins e Silva
DIRECTOR
Vivian Fava
MUSEOLOGIST
Danilo Bastos
MUSEOLOGY INTERN
EXHIBIT never is forever
Shannon Botelho
CURATORSHIP AND CURATORIAL TEXT
Gabriel Guerra
AUDIBLE ARTWORK
Rogério Emerson Magalhães
LIGHTING
Adriano Trindade
EXHIBIT INSTALLATION
TNT Assessoria | Toni Oliveira
PRESS AND PR TEAM
Miguel Sá
FOTOGRAPHY
BRASIL 3D
VIRTUAL TOUR
Gallery 18
COORDENATION
EXPOSIÇÃO
may 6th to june 26th
Visitation hours from tuesday to sunday, 1pm to 7pm
VERNISSAGE
may 6th 2025 - from 7pm to 10pm
Casa de Cultura Laura Alvim
Av. Vieira Souto, 176 - Ipanema - RJ
PRESENTED BY
Gallery 18
Free admission | Free age rating