VOAR COM A ALMA
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VOAR COM A ALMA
RICARDO SANCHEZ
MAIO | 2024
O QUE SAIU NA MÍDIA
“Arte é uma coisa imprevisível, é descoberta, é uma invenção da vida. E quem diz que fazer poesia é um sofrimento está mentindo: é bom, mesmo quando se escreve sobre uma coisa sofrida. A poesia transfigura as coisas, mesmo quando você está no abismo. A arte existe porque a vida não basta.”
Ferreira Gullar
Voar com a alma, este é o nome da exposição e da proposta que fazemos ao conhecer as obras de Ricardo Sanchez.
A maior parte dos trabalhos utiliza a técnica de transferência de imagem a partir de fotografias autorais. Veremos a paisagem urbana, a cidade e seus prédios, mas também horizontes e nuvens.
Nos registros do artista: a pedra portuguesa, o azulejo, o bloco de concreto e a ferramenta são as páginas de livros únicos, onde lemos poesias visuais potentes e transformadoras.
Procuramos no recorte curatorial, tendo como foco o ato de voar, destacar uma possibilidade diante da maturidade que o artista conquistou em sua produção, dono de uma narrativa ao mesmo tempo inspiradora e provocativa.
A melhor prova disso são as pinturas que, dialogando com a fotografia, oferecem uma reflexão interessante.
Durante muito tempo se discutiu na história da arte o papel da fotografia, se iria substituir a pintura. Sendo hoje um assunto superado, observamos como no processo criativo, Ricardo nos traz uma nova chave para pensarmos as imagens e como podemos olhar o mundo ao nosso redor..
Apresentando algumas obras criadas especialmente para a exposição, esperamos que os visitantes possam se permitir contemplar cada trabalho, perceber a grandeza contida em cada cena, independentemente do tamanho que seja apresentada. Porque o artista busca, desde o momento em que faz o primeiro registro com sua câmera, capturar aquilo que sua alma vê,muito além dos seus olhos.
Adotando um procedimento no qual a imagem é processada de diversas formas e em diversos suportes, Ricardo vai reconstruindo a própria poética, sem renunciar as premissas que marcam seu trabalho, olhar aquilo mais que próximo do indivíduo, é próximo da humanidade.
Na sua riqueza técnica e poética, são obras que traduzem em sua plenitude o século XXI e confirmam a máxima de Ferreira Gullar: a arte existe porque a vida não basta.
Que possamos, então, voar com a alma.
Maio de 2024
Nilo de Almeida